ABREU,
Maurem A.[2]
maurem.abreusantos@hotmail.com
Palavras-chave: Intérprete
Educacional, Língua Brasileira de Sinais, Educação de Surdos.
Tema: Educação Inclusiva.
Introdução: Este artigo foi pensado
a partir de leituras realizadas durante a estruturação do projeto de Mestrado
do programa de pós-graduação em Educação Especial, da UFSCAR, com temas
relacionados sobre a Educação destinada ao sujeito surdo em uma perspectiva de
escola bilíngue inclusiva. Tem como foco de discussão o Intérprete Educacional (IE)
e os estudos sobre a realidade na atuação deste profissional, no ensino
regular, já que trata-se de
uma prática relativamente nova em nosso país, com poucos estudos sobre sua
atuação no ensino regular, porém com muitos questionamentos relevantes quanto
os 1) processos de interpretação,
2) aprendizagem do surdo e 3) as relações construídas no contexto
escolar.
Materiais e Métodos: Este estudo traz uma abordagem com enfoque qualitativa, por
leituras de estudos relacionados a surdos na escola e o Intérprete Educacional no
ensino regular.
Resultados: Os estudos abordam,
inicialmente, a pouca ou nenhuma formação específica de muitos profissionais,
que atuam como IE, em áreas correlacionadas a Educação e destaca o contato e a
construção com a LIBRAS pelo convívio direto com as comunidades surdas, seja
por meio de eventos informais de lazer ou no contato religioso. Tal situação
garante a muitos profissionais a fluência e domínio da língua de sinais, mas
por outro lado pode não ser um fator que propicie uma atuação efetiva no
ambiente educacional. O
IE tem como princípio profissional, 1) a
mediação nas interações linguísticas, sociais e culturais entre sujeitos
presentes no contexto escolar e, segundo Lacerda (2009), possibilitar a
comunicação entre surdos e ouvintes, a fim de se efetivar a inclusão escolar.
(p.28) e, ainda conhecer as perspectivas gramaticais da língua, devendo
compreender as condições de constituição do sujeito e as relações existentes
com a língua e os diferentes usos da linguagem. Os estudos revelam que esta
tarefa de atuação e o interpretar não são nada fáceis, apontando o sofrimento e inquietações no
IE, ocasionados pelos limites que se impõem quanto ao pouco conhecimento
relacionado aos temas educacionais e, significativamente, quanto ao 2) processo de aprender do aluno surdo.
(RUSSO, 2009). Os cursos de formação para Intérpretes existentes poderiam
abordar estas questões educacionais, porém não possuem direcionamento para as
diferentes áreas do conhecimento, seguindo com formações específicas quanto à
atuação na tradução e Interpretação. 3)
Contudo, ao buscar construir relações no espaço escolar, o IE precisa assumir
algumas demandas que perpassam a imparcialidade no ato de interpretar, tais
como, as relações interpessoais entre professores e alunos, assim como, nas
questões que se relacionam ao currículo. (LACERDA, 2000; RUSSO, 2009), tomando
para si em muitos momentos a construção do conhecimento do aluno surdo.
Conclusão: Muito ainda precisa ser compreendido quanto
a atuação do IE no contexto escolar e a busca pela construção de uma identidade
enquanto constituição de um sujeito profissional. São, ainda, poucas
as escolas que buscam neste profissional a parceria no atendimento ao aluno
surdo, mesmo pensando em uma educação pela perspectiva bilíngue. As poucas
experiências trazidas pelos textos estudados mostram a importância de se pensar
em uma formação específica do IE com questões voltadas à área educacional.
(Referências: LACERDA. C.B.F. de. Intérprete de LIBRAS em atuação na educação infantil
e no ensino fundamental. Porto Alegre. Mediação/FAPESP, 2009; LACERDA, C.B.F.,
GÓES, M.C.F. (org) Surdez: Processos Educativos e Subjetividade. São Paulo:
Editora Lovise, 2000.; RUSSO, A. Intérprete de Língua
de Sinais: uma posição discursiva em construção. Porto Alegre: UFRGS,
2010. 111f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Educação,
Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2010.)
[1] Trabalho
apresentado no IV Congresso Nacional de Diversidade e Inclusão em 2011.
[2] Pedagoga,
habilitada em Educação Especial pela UNESP – Marília. Mestranda pelo Programa
de pós-graduação em Educação Especial pela UFSCAR- São Carlos. Bolsista Capes. Professora de AEE da rede municipal de Educação de São José dos Campos/SP.